Mitologia não é conto de fadas. Muito menos fantasia. Desmistificar a mitologia é tratá-la como conhecimento simbólico profundo — uma linguagem da alma e da psique.

Joseph Campbell, um dos maiores mitologistas do século XX, afirmou: “Quando o mito é confundido com a história, ele deixa de se aplicar à vida interior do homem”. Em outras palavras, mitos são espelhos da condição humana, atemporais e universais.

Mitos: narrativas que estruturam o mundo interior

A palavra “mitologia” significa “narrativa sagrada”. Os mitos não explicam o mundo exterior como a ciência faz, mas traduzem os dramas e dilemas do universo interno. E mesmo hoje, continuamos a eleger nossos mitos — pense em figuras como Ayrton Senna, Mandela ou Frida Kahlo.

Na tradição greco-romana, os deuses representam forças vivas da natureza humana. E essa é também a base da astrologia: os planetas traduzem arquétipos e potências que habitam a alma.

Astrologia e Mitologia: um encontro natural

Quando a astrologia chegou ao Império Romano (séc. IV d.C.), foi traduzida pela linguagem mitológica para facilitar a compreensão simbólica dos corpos celestes. Os deuses e deusas tornaram-se personificações dos planetas e seus efeitos nos signos do zodíaco.

Assim, Marte não era apenas um planeta vermelho: era o deus da guerra e da coragem. Vênus era o amor, a sedução, os valores e os sentidos. Saturno, o tempo, os limites, a responsabilidade.

A astrologia foi absorvida como parte da educação e do autoconhecimento — um mapa da alma.

Da Cosmogonia à Psicanálise

Homero e Hesíodo organizaram o caos primitivo em narrativas estruturadas (cosmogonias), criando as primeiras “cartilhas espirituais” da cultura ocidental.

Séculos depois, Freud e Jung recuperaram os mitos para entender o inconsciente. Jung batizou essas forças internas de arquétipos: modelos simbólicos universais, expressos em sonhos, rituais e, claro, no zodíaco.

Astrologia: entre o céu e a terra

A astrologia é um saber que nasce da observação da natureza e da relação entre os ritmos celestes e terrestres. Quando, no século XVIII, a ciência moderna separou-se do simbólico, criou-se uma cisão entre corpo e alma, entre o visível e o invisível.

O resultado? Uma cultura que valoriza apenas o que pode ser medido, mas que se perde no vazio simbólico. E como bem disse Shakespeare: “Há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia”.

Deuses e Signos: a mitologia por trás do zodíaco

Conheça, de forma resumida, os principais deuses e deusas associados aos planetas e signos:

Marte – Áries

  • Grego: Ares
  • Arquétipo: guerreiro, coragem, impulso, iniciativa
  • Sombra: agressividade, imprudência, egoísmo

Vênus – Touro e Libra

  • Grego: Afrodite
  • Arquétipo: amor, prazer, sensualidade, beleza
  • Sombra: vaidade, indecisão, superficialidade

Mercúrio – Gêmeos e Virgem

  • Grego: Hermes
  • Arquétipo: comunicação, intelígência, adaptação
  • Sombra: dispersão, mentira, manipulação

Lua – Câncer

  • Grego: Selene / Ártemis
  • Arquétipo: emoção, nutrição, maternidade, memória
  • Sombra: instabilidade, dependência, carência

Sol – Leão

  • Grego: Hélio
  • Arquétipo: brilho, identidade, consciência, liderança
  • Sombra: orgulho, autoritarismo, necessidade de aplauso

Plutão – Escorpião

  • Grego: Hades
  • Arquétipo: transformação, renascimento, profundidade
  • Sombra: obsessão, destruição, controle

Júpiter – Sagitário

  • Grego: Zeus
  • Arquétipo: expansão, sabedoria, espiritualidade, fé
  • Sombra: exagero, arrogância, dogmatismo

Saturno – Capricórnio

  • Grego: Cronos
  • Arquétipo: tempo, responsabilidade, estrutura, disciplina
  • Sombra: rigidez, medo, frieza emocional

Urano – Aquário

  • Grego: Urano
  • Arquétipo: liberdade, inovação, consciência coletiva
  • Sombra: rebeldia, alienação, instabilidade

Netuno – Peixes

  • Grego: Poseidon
  • Arquétipo: intuição, imaginação, empatia, transcendência
  • Sombra: fuga, ilusão, vitimização

Astrologia e mitologia juntas formam uma ponte entre o visível e o invisível, entre o céu e a alma. Retomar esse saber simbólico é retomar a consciência de quem somos, em profundidade.

No final das contas, somos feitos da mesma matéria que os mitos: desejo, medo, coragem, luz e sombra. A astrologia apenas nos relembra disso.


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