Expansão e Limite

“Planeta Regente do Ano” é um tema querido da Astrologia popular, que costuma apontar os efeitos simbólicos de certos astros sobre o coletivo e o indivíduo. Meu olhar, no entanto, caminha em outra direção: o do autoconhecimento — esse movimento que não acontece sobre, mas dentro do ser. Quando voltamos a atenção ao interior, promovemos o despertar de conteúdos psíquicos. Uma vez conscientes, eles tornam-se matéria-prima para reflexão e integração do “ser”.
A partir de 21 de março de 2025, Júpiter assume simbolicamente o protagonismo do ano. Um gigante gasoso com grande poder simbólico, que vale ser revisitado quantas vezes for necessário. Sua energia expansiva é contagiante — mas sem o freio da ética, pode resultar em desequilíbrio. Júpiter é crescimento, sim, mas também é exagero.
Vivemos num planeta onde quase 8 bilhões de pessoas disputam espaço, recursos e dignidade. Enquanto isso, apenas 2.781 bilionários detêm riqueza imensurável (Forbes, 2024). E já se projeta o primeiro trilionário para 2027. Eis o lado sombrio da expansão jupiteriana sem limites.
Essa pulsão é tamanha que, certa vez, num outro ano regido por Júpiter, um texto meu bateu 11 mil acessos! Claro, era um tempo em que as redes sociais ainda não ditavam o que se lê, então as pessoas realmente… liam. Mas Júpiter é assim: o que ele toca, cresce. Para o bem e para o caos.
Em mapas pessoais, Júpiter costuma ser chamado de “o grande benéfico”. Ele pode simbolizar sorte — ou melhor, expansão em alguma área da vida. Mas é preciso nuance: o que é sorte para um, pode ser desordem para outro. Sorte desmedida, aliás, pode ser um problema deveras. Por isso, a verdadeira fortuna jupiteriana exige três temperos: filosofia, ética e sabedoria. Sem isso, a expansão vira colapso.
Sagitário, signo regido por Júpiter, é símbolo vivo dessa dualidade. Conhecido por seu otimismo e inteligência, é também alvo fácil da dispersão e da agitação mental. Como todos os arquétipos, traz em si o antídoto: a espiritualidade. O Sagitariano sábio é aquele que transforma sua visão grandiosa em ética de vida, e não em arrogância messiânica.
O mito de Zeus — versão grega do arquétipo jupiteriano — ilustra bem essa ambiguidade. Protetor e autoritário, inspirador e tirânico, visionário e sedento por controle. Um deus que expande fronteiras, mas teme perder o trono.
E assim é Júpiter: símbolo da fé, da inteligência que ultrapassa os limites, do otimismo, da abundância. Mas que também pode nos inflar — de orgulho, de excesso, de ideias descoladas da realidade. O corpo engorda, a mente viaja e, sem foco, a alma se perde. Meditação, nesse contexto, é ferramenta fundamental.
Não é raro encontrar Sagitarianos envolvidos com Yoga ou filosofias orientais. A mente precisa de um eixo, ou vira redemoinho.
No campo coletivo, Júpiter pode ser tanto motor de progresso quanto catalisador de tensões. Em 2025, com o mundo ainda polarizado, guerras em curso e discursos autoritários em alta, o poder de Júpiter poderá exacerbar tanto os avanços quanto os colapsos.
Personagens sagitarianos que ilustram bem essa força ambivalente:
– Alexandre de Moraes (Xandão),
– Papa Francisco,
– Clarice Lispector,
– Taylor Swift,
– Silvio Santos,
– Woody Allen,
– Edward Bernays.
A boa notícia é que Júpiter também inspira visões civilizatórias, expansivas no melhor sentido: ideias que transcendem polarizações, que pensam o bem comum. Projetos de impacto coletivo, inovadores e éticos, são filhos legítimos de um Júpiter bem posicionado no céu e no coração.
Apesar de parecer o “pai bonzinho” do zodíaco, não se engane. Júpiter — e Zeus — têm suas sombras. Cabe a nós, como sociedade, equilibrar expansão com responsabilidade. E, para isso, ética é essencial. Inclusive a ética planetária: aquela que respeita os reinos da Terra como extensão do nosso próprio ser.
Feliz Ano Novo Astrológico!
Em Tempo:
– Veja no seu Mapa Astral: em qual Casa está Júpiter?
– Em 2025:
• 1º semestre: Júpiter em Gêmeos – expansão mental, comunicação, excesso de informação.
• 2º semestre: Júpiter em Câncer – ampliação do emocional, da sensibilidade, do cuidado… ou da carência.